Encontrei muitas espécies do gênero Xylaria nesta primavera, creio que são bem comuns mas muitas vezes é difícil de identificar a espécie exata pois existem mais de 500 conhecidas. A maioria dos fungos desse gênero parecem “dedinhos” e crescem sobre madeira morta (são decompositores). O nome vem do grego xýlon, que significa madeira.
Também conhecidos como dedos-de-defunto, dedos-de-bruxa ou “dead man’s fingers” em inglês, entre outros nomes comuns específicos à algumas espécies, possuem uma consistência lenhosa e o tamanho pode variar de poucos centímetros até cerca de 10 cm de altura.
Não achei muita informação sobre as espécies encontradas no Brasil em geral, o que torna a identificação mais difícil. Mas encontrei uma dissertação da UFPE chamada Contribuição ao estudo de espécies de Xylaria (Sordariomycetes, Ascomycota) no Brasil que parece ser interessante, e no resumo já apresenta algumas das espécies encontradas nas áreas de Mata Atlântica pesquisadas, porém a dissertação não está disponível na íntegra.
De qualquer forma, sempre gosto de encontrar estes serzinhos! Eles tem uma textura bem diferente e interessante, e na maioria das vezes as espécies crescem brancas e vão ficando pretas com o tempo, sendo comum encontrar espécimes “mesclados”.
Além de um possível Xylaria polymorpha que já postei aqui, abaixo apresento fotos e informações de mais algumas espécies interessantes que encontrei.
Xylaria longipes ou Xylaria grammica (palpites)
Pesquisando por uma identificação pensei na espécie Xylaria longipes, que uma das características é a presença de um estipe longo, como encontrado nesses. Ainda não tinha encontrado um Xylaria com o estipe assim. Postando lá no Instagram, tive a sugestão da espécie Xylaria grammica, que também possui essa característica e é bem parecido.
Quando jovens tem essa cor branca/acinzentada e depois vão ficando bem pretos. Como todos os Xylaria, apresentam uma textura sempre interessante, e por dentro de um que abri vi esse “fiapo” laranja bem proeminente.
Contando com o estipe, esse espécime adulto tinha cerca de 10 cm.
Xylaria sp.
Um grupinho de “dedos” crescendo sobre madeira morta, quase passaram despercebidos pois estavam em cima de um barranco.
Estes tinham cerca de 5 a 6 cm, cortei uns ao meio para ver como era por dentro, e quando mais jovens tem uma estrutura interior bem bonita, que depois fica toda preta, lembra quase um carvão.
Analisando as fotos agora até penso que podem ser da mesma espécie destes acima, principalmente por que o centro deles é quase igual. Não vi o estipe destes, mas talvez seja por que eles já estavam bem maduros e quando peguei o estipe pode ter quebrado na madeira mesmo. Fica ai o mistério, rs.
Xylaria comosa
Este pequenino de cerca de 2 cm imaginei que fosse do gênero Xylaria mas não tinha ideia de qual espécie, pois nunca tinha visto um assim nesse formato e com essas características. Estava crescendo sozinho, o que também não é tão comum nesse gênero (comparando com as minhas experiências apenas).
Pedindo auxílio lá no grupo do face “Cogumelos do Brasil” a @fancnacabeca identificou como a espécie Xylaria comosa. Gratidão sempre aos especialistas que nos ajudam a aprender cada vez mais sobre esse incrível reino Fungi!
Xylaria sp. minúsculos
Estes serzinhos minúsculos encontrei algumas vezes, crescendo em abundância sobre madeira morta. Tinham cerca de 0,5cm e o maiorzinho devia ter 1,5cm. Quando maduros é só tocar neles que dá pra ver seus esporos dispersando (sempre divertido, rs). Nesse vídeo dá pra ver eu fazendo isso.
Xylaria hypoxylon (palpite)
Pequeninos fungos crescendo em um tronco, bem camuflados. De fato só enxerguei pois tinha me agachado para tirar foto de outro cogumelo crescendo em um Xaxim ao lado.
Tinham esse formato meio de chifre, e um estipe peludinho, muito bonitinhos e diferentes! Estavam com cerca de 1 cm de altura.
Primeiro achei que era algum fungo coral jovem, mas depois pesquisando na internet creio ser alguma espécie de Xylaria mesmo. Achei bem parecido com o Xylaria hypoxylon, mas é só um palpite.
Com esses exemplos dá pra ver um pouco a diversidade desse gênero, e como eles são interessantes!
📸 Registros feitos entre outubro e dezembro de 2023, em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, Brasil.