Um encontro com uma linda barata! Para muitos deve ser estranho ver as palavras “linda” e “barata” na mesma frase, rs. Também não sou fã dessas baratas comuns das cidades e casas, que originalmente nem são nativas daqui; muitas vezes vivem no esgoto, entre o lixo, e são sinônimo de algo pavoroso e nojento mesmo. Ainda bem que aqui na Serra Gaúcha até hoje não vi nenhuma destas (elas não gostam de regiões frias).
Mas nos últimos anos, estando em mais contato com a natureza e fazendo trilhas mais frequentemente na Mata Atlântica, as vezes topamos como algumas baratinhas selvagens que são bem bonitinhas! Vivem no mato, se abrigam sob fendas de rochas, em ocos de arvores ou sob a casca das árvores, nada nojento, rs.
Depois que registrei esta barata, que era bem grandona por sinal, fui atrás de identificar e descobri que é a Hiereoblatta cassidea, uma espécie endêmica da Mata Atlântica; e vendo no iNaturalist (onde tem apenas 20 observações dessa espécie) parece que ocorre só aqui no Sul do Brasil. Aqui neste artigo científico confirmei essa info, o autor descreve que ela só ocorre do Sudeste de Santa Catarina e ao Nordeste do Rio Grande do Sul.
Pesquisando mais sobre a espécie, achei também um artigo muito legal e com linguagem acessível do biólogo Henrique Caldeira Costa, onde ele passa várias informações interessantes e também explica a origem do nome científico desta espécie: Hiereoblatta significa “barata sacerdote”, numa mistura de grego e latim e cassidea significa “em forma de capacete” em latim, assim descrevendo as características dessa barata, que parece que está de capacete ou capuz.
Então acabamos topando com um bichinho muito interessante, sempre legal esses encontros com a fauna nativa e endêmica. Também descobri que existem mais de 600 espécies de baratas nativas aqui no Brasil, uma imensa diversidade. Pena que a maioria de nós só conhece essas baratas desagradáveis da cidade, rs.
📸 Registro feito em 03/02/2024 em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul – Serra Gaúcha.