Publicado: dez 18, 2024
Atualizado: dez 21, 2024
Escrito por: Helissa

A jararaca-da-mata é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, no Brasil ocorre do Rio Grande do Sul até a Bahia e também ocorre em regiões de Mata Atlântica na Argentina e Paraguai. Pode chegar a 1,6 m, e suas presas mais comuns são ratos e sapos. É uma espécie de interesse médico, ou seja, é peçonhenta (“venenosa”) e pode causar problemas de saúde.

Desde que nos mudamos pra São Chico tivemos o prazer e desprazer de topar com jararacas algumas vezes. Prazer pois são animais muito interessantes e é sempre legal encontrar a fauna nativa; e o desprazer é ligado ao medo de algum acidente, pois é uma serpente peçonhenta e a mais comum de causar acidentes no Brasil.

Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca), registro feito em 17/12/24.

O ano todo (e especialmente na primavera e verão) andamos sempre de galocha nas trilhas e evitando pisar em locais cheio de galhos e troncos, se não der pra evitar sempre fazendo barulho e mexendo com um galho/pedaço de madeira, para deixar bem avisada nossa presença. Isso, combinado com estar sempre prestando atenção ao nosso entorno, reduz drasticamente o risco de acidentes, pois as jararacas não são animais agressivos do nada, apenas querem se proteger e acabam sendo afrontosas quando se sentem ameaçadas.

Vimos jararacas umas 3 vezes na borda da mata do nosso terreno e também saindo debaixo de uma pedra, em uma área aberta do terreno. E outra vez vimos no interior de mata de araucária durante uma trilha, ela estava embrenhada entre galhos e grimpas da araucária (foto abaixo).

Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca), registro feito em 30/11/23.

Geralmente ela se assusta com o movimento perto, foge pra uma distância curta e volta a olhar pra trás, com a cabeça erguida e alerta, verificando se vai precisar dar o bote. Fica olhando um tempo e depois sim vai embora. Ao contrário de tantas outras cobras e bichinhos da mata que apenas saem “correndo” ao ouvir passos humanos, ela muitas vezes tem esse comportamento mais afrontoso. Se a pessoa acaba não vendo a jararaca e segue caminhando em direção a ela, ai é que o acidente pode acontecer.

Porém recentemente tivemos um encontro diferente com essa espécie, vimos ela bem tranquila, enroladinha, tomando banho de sol – e talvez digerindo alguma presa. Estava na borda da mata, eu estava passando ao lado sem nem ver ela quando o marido atrás me alertou. Por motivos óbvios é sempre um susto inicial encontrar este serzinho, rs.

Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca), registro feito em 17/12/24.

Mas dessa vez ela estava bem calma, parecia até dormindo. Nem mexeu a cabeça. E também foi a primeira vez que conseguimos ver ela inteira, sem estar embrenhada em galhos ou folhas. Muito interessante! Achei ela diferente das que já tínhamos visto, mas foi identificada como sendo mesmo a Bothrops jararaca (Jararaca-da-mata) lá no iNaturalist.

Vendo fotos no iNaturalist desta espécie dá pra ver que ela tem uma variação de cores e formatos da “estampa” que eu acho bem confuso de identificar. Pesquisando vi que isso pode se explicar pelo seu policromatismo – uma característica que significa que seu padrão de cores varia de cobra para cobra dentro da mesma espécie. Assim elas podem apresenta tons marrons (escuros ou claros), verdes, acinzentados ou amarelos.

Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca), registro feito em 17/12/24.

Enfim, óbvio que não quis incomodar nem testar a paciência da bichinha e fiz as fotos de longe com o zoom máximo da minha câmera, rs. Ela ficou de boas lá e nós seguimos a trilha evitando passar perto da querida.

📸 Registros feitos em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul – Serra Gaúcha.

Referências e Links Úteis

Posts Relacionados

Abutilon megapotamicum | Sininho ou Lanterna-chinesa

Calibrachoa sellowiana | Planta nativa e endêmica do Sul do Brasil

Drosera brevifolia | Planta carnívora Orvalhinha

Pinhão | Coletando a deliciosa semente da Araucária

Physalaemus lisei | Rã-chorona-pequena-do-mato

Curicaca (Theristicus caudatus) na Serra Gaúcha

Goiaba serrana, fruta nativa do Sul | Feijoa sellowiana

Filhotes de Tarântula na Serra Gaúcha | Aranha-caranguejeira

Baccharis trimera | Planta Carqueja na Serra Gaúcha