Publicado: jun 28, 2024
Atualizado: ago 31, 2024
Escrito por: Helissa

Lindos cogumelos crescendo sobre um tronco em decomposição, no interior de mata de araucária.

Tinham um pequeno anel delicado e quando virei para ver o himenóforo fiquei surpresa com estas lindas lamelas de tom rosado. Eram uns quatro grupinhos de cogumelos crescendo em diferentes partes do mesmo tronco.

Pesquisando em casa vi que era provavelmente do gênero Armillaria, depois já consegui confirmação lá no iNaturalist. Os cogumelos desse gênero são conhecidos como “Honey mushrooms”, ou Cogumelos de mel. Tem algumas espécies comestíveis, como a Armillaria puiggarii que ocorre aqui no Brasil.

Pensei que estes poderiam ser dessa espécie, porém achei difícil conseguir confirmar só por fotos, pelo que vi várias espécies tem características bem parecidas.

Achei que ia demorar pra encontrar estes cogumelos novamente, mas quatro dias depois voltamos nesta área e fizemos uma trilha ainda mais pra dentro desta mata e eles estavam literalmente por todos os lados!

Tirei foto de 3 áreas diferentes na mesma trilha, não muito distantes entre si, onde eles estavam mais abundantes. Acredito que todos são mesmo da espécie Armillaria puiggarii ou algo próximo, consegui uma confirmação dessa identificação lá no iNaturalist.

É muito impressionante como eles crescem em grupos tão grandes, sobre troncos caídos ou árvores já mortas/doentes mas ainda em pé. Vi que essa espécie ocorre do México ao sul da America do Sul.

E também é incrível a diferença deles quando jovens, pequeninos e com o chapéu amarelinho, e depois quando velhos podem ficar bem grandes e com esse tom avermelhado. Deu pra encontrar eles em todos os estágio, inclusive vários bebezinhos (fotos abaixo).

Um anel frágil e pequeno, lamelas rosadas e esporada branca são as características que ajudam a identificar essa espécie. Por aqui vi que o mais comum é ocorrerem durante os meses do inverno.

A maioria dos cogumelos que encontramos nesse dia já estavam um pouco velhos, mas ainda deu pra coletar vários. Primeiro refogamos e provamos só um pouquinho cada, pra ver se não teria nenhuma reação adversa.

Li que várias espécies do gênero, mesmo consideradas comestíveis, podem gerar distúrbios gastrointestinais em pessoas sensíveis. E que também é recomendado refogar bem esse tipo de cogumelo, nunca comer cru.

O estipe é bem duro e fibroso quando adulto, então removemos eles. Mas nos espécimes jovens ele tem uma textura mais frágil, nesses deixamos o estipe. Eles quase não tem “carne”, o chapéu é fino, então diminuem bastante de tamanho depois de refogados. Felizmente não tivemos nenhuma reação adversa, e eles são bem saborosos (mas não tem gosto de mel, para quem ficou curioso, rs).

Li que várias espécies desse gênero são bem apreciados em certos países, com um destaque para a Ucrânia onde os chamam de Pidpenky e existem várias receitas com eles. Quando postei no meu Instagram, a Rose Böck comentou que no Paraná, onde há uma grande população de imigrantes ucranianos e seus descendentes, o pessoal coleta e aprecia muito esse cogumelo – aqui o nome virou “Pepenke”.

Agora já conhecemos e provamos outro cogumelo comestível pra coletar por aqui. Sempre uma felicidade estes encontros e experimentos!

📸 Registro feito em 18 e 22/06/24 em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha, Brasil).

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