Em abril de 2025 visitamos a Floresta Nacional de Canela (FLONA), coisa que queríamos fazer faz tempo. Como estamos sem carro pegamos um ônibus de São Chico à Canela, e de lá um Uber até a FLONA, que fica até bem perto do centro, uns 6km de distância.
A maior parte da estrada até lá é asfaltada, porém os últimos 3 km mais ou menos são estrada de chão e em uma situação um pouco ruim em algumas partes, muitos buracos, pedras altas, etc. Fomos em uma época mais seca, mas imagino que quando chove deve complicar a situação. Tivemos sorte que o Uber não desistiu de nos levar, e na volta foi complicado achar alguém disposto a ir até lá, mas no fim deu tudo certo.
FLONA de Canela | Histórico e Informações

A FLONA de Canela é uma Unidade de Conservação Federal criada em 1968 no município de Canela, em uma área de 557,661 hectares com altitudes que variam de 740 a 840 metros. Ela destina-se ao uso sustentável dos recursos florestais, ao turismo e à pesquisa científica. A entrada é gratuita, e não é necessário agendamento para grupos de até 6 pessoas. Está aberta todos os dias das 8h às 17h.
Antigamente essa área era conhecida como “Estação Florestal Eurico Gaspar Dutra”, criada pelo extinto Instituto Nacional do Pinho em 1946, com o objetivo de criar alternativas para a indústria madeireira, já que as araucárias tinham sido exploradas quase até a extinção. Por isso começaram a trazer espécies exóticas de Pinus, eucalipto, entre outras espécies, para extração, e é por isso que até hoje tem uma grande área de Pinus por lá, e em menor escala eucalipto. O mesmo processo ocorreu também com a FLONA de São Francisco de Paula, inclusive.


Na entrada há um Centro de Visitantes que tem um pequeno museu onde um agente ambiental vai contando um pouco da história e mostrando tudo que tem lá dentro, como vários animais empalhados, cobras conservadas, insetos, crânios, pegadas, ninhos de aves, etc. Também tem uma araucária esquemática onde se pode entrar e ver os anéis de crescimento, uma maquete da área da FLONA, entre várias outras coisas.
A FLONA também é local de moradia de indígenas, da Aldeia Kaingang Kógunh Mág. Pelo que li eles estão lutando pela retomada de suas terras originárias, não sei como está a situação legal oficialmente hoje em dia mas eles seguem ocupando o espaço. Tem mais informações nos links no final do post.

Também li várias notícias de que em 2021 a FLONA tinha sido concedida para uma empresa privada que iria administrá-la por 30 anos, fazendo melhoras na infraestrutura e inclusive começando a cobrar o ingresso, e remover os indígenas de lá. Quando estávamos lá não me lembrei disso para perguntar e procurando na internet não achei nada atualizado sobre toda essa situação, só notícias da época dizendo que de fato foi privatizada, então não sei o que aconteceu.
Trilhas da FLONA de Canela



Fora o Centro de visitantes, não tem muito mais de infraestrutura por lá. Saindo ali da entrada não tem banheiros, bancos, ou nada do tipo. O maior atrativo da FLONA, e o motivo pelo qual fomos, são as trilhas e a natureza preservada.
As trilhas são bem demarcadas e sinalizadas, e atualmente tem três percursos disponíveis, uma trilha longa de 8.6km, uma média com 6km e a trilha curta de 4.5km. Porém elas se sobrepõem e se encontram em alguns momentos, e há outras estradas internas que também servem de trilha, então são várias opções para caminhar por lá. Dá pra baixar o mapa das trilhas aqui.



Um dos trechos faz parte do Caminho das Araucárias, que liga o Parque Estadual do Caracol em Canela/RS ao Parque Nacional de São Joaquim/SC, passando por 9 unidades de conservação – incluindo o Parque da Ronda e a FLONA de São Chico.
Fizemos a trilha média e valeu bastante a pena, passamos por várias trechos de mata de araucária nativa e preservada (Floresta Ombófila Mista), com muito pinhão por sinal, já que estava bem na época; e também alguns trechos ao longo das áreas de Pinus, o que também é interessante para nós pois surge a possibilidade de encontrar alguns cogumelos que são associados a estes pinheiros. Falando em cogumelos, nesse dia encontramos muitos inclusive uma abundância de Suillus salmonicolor (associado a Pinus) e de Pleurotus pulmonarius (nativo, cresce sobre madeira).
No fim voltamos à lagoa que tem na entrada da FLONA e descansamos um pouco por lá, tem um visual bem bonito. Para quem curte natureza e trilhas, com certeza vale a pena visitar.
📸 Registro feito em 17/04/25 em Canela, Rio Grande do Sul – Serra Gaúcha.
Referências e Links Úteis
- Floresta Nacional de Canela | @flonacanela no Instagram
- FLONA de Canela | Gov.br ICMBio
- Floresta Nacional de Canela | Wikiparques
- Caminho das Araucárias | Rede Brasileira de Trilhas
- Kaingangs de Canela querem manter a tradição e preservar a história indígena na região
- Povo Kaingang retoma terra tradicional em Canela (RS)
- Cobrança de ingresso pela concessionária da Floresta Nacional de Canela começará até maio de 2022