Publicado: maio 4, 2025
Atualizado: maio 5, 2025
Escrito por: Helissa

Em abril de 2025 visitamos a Floresta Nacional de Canela (FLONA), coisa que queríamos fazer faz tempo. Como estamos sem carro pegamos um ônibus de São Chico à Canela, e de lá um Uber até a FLONA, que fica até bem perto do centro, uns 6km de distância.

A maior parte da estrada até lá é asfaltada, porém os últimos 3 km mais ou menos são estrada de chão e em uma situação um pouco ruim em algumas partes, muitos buracos, pedras altas, etc. Fomos em uma época mais seca, mas imagino que quando chove deve complicar a situação. Tivemos sorte que o Uber não desistiu de nos levar, e na volta foi complicado achar alguém disposto a ir até lá, mas no fim deu tudo certo.

FLONA de Canela | Histórico e Informações

A FLONA de Canela é uma Unidade de Conservação Federal criada em 1968 no município de Canela, em uma área de 557,661 hectares com altitudes que variam de 740 a 840 metros. Ela destina-se ao uso sustentável dos recursos florestais, ao turismo e à pesquisa científica. A entrada é gratuita, e não é necessário agendamento para grupos de até 6 pessoas. Está aberta todos os dias das 8h às 17h.

Antigamente essa área era conhecida como “Estação Florestal Eurico Gaspar Dutra”, criada pelo extinto Instituto Nacional do Pinho em 1946, com o objetivo de criar alternativas para a indústria madeireira, já que as araucárias tinham sido exploradas quase até a extinção. Por isso começaram a trazer espécies exóticas de Pinus, eucalipto, entre outras espécies, para extração, e é por isso que até hoje tem uma grande área de Pinus por lá, e em menor escala eucalipto. O mesmo processo ocorreu também com a FLONA de São Francisco de Paula, inclusive.

Uma das trilhas da FLONA e um panfleto na entrada com a informação de que há uma Aldeia indígena na localidade.

Na entrada há um Centro de Visitantes que tem um pequeno museu onde um agente ambiental vai contando um pouco da história e mostrando tudo que tem lá dentro, como vários animais empalhados, cobras conservadas, insetos, crânios, pegadas, ninhos de aves, etc. Também tem uma araucária esquemática onde se pode entrar e ver os anéis de crescimento, uma maquete da área da FLONA, entre várias outras coisas.

A FLONA também é local de moradia de indígenas, da Aldeia Kaingang Kógunh Mág. Pelo que li eles estão lutando pela retomada de suas terras originárias, não sei como está a situação legal oficialmente hoje em dia mas eles seguem ocupando o espaço. Tem mais informações nos links no final do post.

Lago e o Centro de visitantes/Museu ao fundo entre as araucárias.

Também li várias notícias de que em 2021 a FLONA tinha sido concedida para uma empresa privada que iria administrá-la por 30 anos, fazendo melhoras na infraestrutura e inclusive começando a cobrar o ingresso, e remover os indígenas de lá. Quando estávamos lá não me lembrei disso para perguntar e procurando na internet não achei nada atualizado sobre toda essa situação, só notícias da época dizendo que de fato foi privatizada, então não sei o que aconteceu.

Trilhas da FLONA de Canela

Trilhas na FLONA de Canela. Essa sinalização amarela com pegada uma pegada preta sinaliza que a trilha faz parte do Caminho das araucárias.

Fora o Centro de visitantes, não tem muito mais de infraestrutura por lá. Saindo ali da entrada não tem banheiros, bancos, ou nada do tipo. O maior atrativo da FLONA, e o motivo pelo qual fomos, são as trilhas e a natureza preservada.

As trilhas são bem demarcadas e sinalizadas, e atualmente tem três percursos disponíveis, uma trilha longa de 8.6km, uma média com 6km e a trilha curta de 4.5km. Porém elas se sobrepõem e se encontram em alguns momentos, e há outras estradas internas que também servem de trilha, então são várias opções para caminhar por lá. Dá pra baixar o mapa das trilhas aqui.

Trilhas na FLONA de Canela, passando por mata nativa e áreas de Pinus.

Um dos trechos faz parte do Caminho das Araucárias, que liga o Parque Estadual do Caracol em Canela/RS ao Parque Nacional de São Joaquim/SC, passando por 9 unidades de conservação – incluindo o Parque da Ronda e a FLONA de São Chico.

Fizemos a trilha média e valeu bastante a pena, passamos por várias trechos de mata de araucária nativa e preservada (Floresta Ombófila Mista), com muito pinhão por sinal, já que estava bem na época; e também alguns trechos ao longo das áreas de Pinus, o que também é interessante para nós pois surge a possibilidade de encontrar alguns cogumelos que são associados a estes pinheiros. Falando em cogumelos, nesse dia encontramos muitos inclusive uma abundância de Suillus salmonicolor (associado a Pinus) e de Pleurotus pulmonarius (nativo, cresce sobre madeira).

No fim voltamos à lagoa que tem na entrada da FLONA e descansamos um pouco por lá, tem um visual bem bonito. Para quem curte natureza e trilhas, com certeza vale a pena visitar.

📸 Registro feito em 17/04/25 em Canela, Rio Grande do Sul – Serra Gaúcha.

Referências e Links Úteis