Publicado: out 17, 2023
Atualizado: abr 10, 2024
Escrito por: Helissa

Alguns dos cogumelos selvagens comestíveis mais conhecidos e apreciados na culinária hoje em dia no Brasil são os encontrados em associação com pinheiros.

Como exemplo podemos citar o Boletus edulis (Porcini), Suillus granulatus, Suillus salmonicolor e o Lactarius quieticolor. Estes cogumelos são chamados micorrízicos, sendo micorrizas o nome que se dá a associações entre fungos e raízes de determinadas árvores.

Uma colheita feliz de Porcinis em São Francisco de Paula, em julho de 2023.

Para explicar de forma simples, digamos que as “raízes” dos fungos se juntam às raízes das árvores, e o resultado dessa associação é um benefício mútuo; o fungo recebe da árvore grandes quantidades de carbono, o que facilita o seu crescimento e em troca as raízes da árvore ficam com uma área maior, possibilitando uma maior absorção de água e de nutrientes do solo.

Estes pinheiros, todavia, não são nativos do Brasil, mas diferentes espécies vem sendo introduzidas no país há mais de um século, seja para fins ornamentais ou para produção de madeira e resina. Aqui no Rio Grande do Sul as espécies Pinus elliottii e Pinus taeda, nativas dos Estados Unidos, foram as que mais se adaptaram e são as mais encontradas hoje em dia.

Floresta de Pinus em São Francisco de Paula

Junto com as sementes e raízes de mudas desses pinheiros vieram também os micélios destes tão apreciados cogumelos, que encontraram aqui um local propício para crescer.

Entretanto, estes Pinus são considerados invasivos e prejudiciais aos nossos biomas, pois a mata nativa é derrubada para ter espaço para esse tipo de plantação, e por essas espécies se espalharem muito rápido – em detrimento de espécies nativas – e não oferecerem quase nada para a nossa fauna (creio que só os cogumelos mesmo!).

Realmente existem muitos problemas em relação à introdução de espécies exóticas em qualquer território. Mas pelo menos uma coisa é certa, o “subproduto” que estes Pinus acabaram nos trazendo foram estes lindos e deliciosos cogumelos, que são espécies que não teríamos acesso aqui no nosso país de outra forma.

Além destes famosos cogumelos comestíveis citados acima, várias outras espécies crescem em associação com Pinus, como o Amanita muscaria e Amanita rubescens, Laccaria laccata, Scleroderma citrinum, Russula Sardonia, Lactarius hepaticus, entre outros.

Amanita muscaria, famoso “cogumelo do Mário”, possui toxinas e substâncias psicoativas, usado por muitos para fins medicinais e recreativos

Todas estas espécies surgem em geral no período do outono/inverno, sendo esta a época mais popular para caça de cogumelos aqui na Serra Gaúcha.

Quando se encontra uma área em um bosque de Pinus com estes cogumelos, ou até mesmo em áreas abertas com Pinus solitários ou embrenhados em mata nativa o que também é comum por aqui, significa que os seus micélios estão lá em associação com as raízes daquelas árvores e assim vão seguir gerando estes cogumelos nas épocas/momentos propícios.

Por isso com o tempo e a prática você vai aprendendo em qual áreas eles surgem e terá mais chance de encontrar diversos cogumelos, seja só para admiração ou para a coleta e consumo.

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