Publicado: abr 9, 2024
Atualizado: ago 7, 2024
Escrito por: Helissa

Existem vários cogumelos nativos da Mata Atlântica que são comestíveis e deliciosos, porém muitas pessoas ainda não tem conhecimento sobre.

Neste post vou listar 10 cogumelos selvagens comestíveis da Mata Atlântica que já encontrei aqui em São Francisco de Paula (Serra Gaúcha). Muitos deles ocorrem em outros biomas também.

Clique no link na descrição de cada um deles para mais informações sobre as espécies. E se quiser dicas sobre onde e como encontrar cogumelos nativos comestíveis veja este post.

Pleurotus djamor

Este é o lindo e delicioso Pleurotus djamor, que encontramos em uma árvore do gênero Yucca no quintal de casa, no centro da cidade. Fazemos muitas trilhas e andamos muito na mata, mas até hoje foi só nessa árvore que encontramos eles, e brotaram várias vezes ao longo da primavera e verão.

Popularmente conhecido como shimeji rosa ou shimeji salmão. Também é uma espécie muito cultivada e vendida comercialmente.

Pleurotus albidus

Pleurotus albidus, esta espécie encontramos bastante por aqui e aparecem o ano todo quando as condições estão propícias (clima ameno + umidade). É gostoso e versátil, com um sabor suave, um dos nossos cogumelos preferidos. Gosto bastante de desidratar eles.

Tanto ele quanto o Pleurotus djamor descrito acima tem uma textura firme que se mantem mesmo depois de refogados. Dependendo do modo de preparo, fica parecendo até um frango desfiado, rs. Também conhecido como shimeji nativo.

Auricularia fuscosuccinea

Um fungo bem diferente, com textura de cartilagem, que parece uma orelha crescendo sobre troncos e galhos, rs. Auricularia fuscosuccinea e outras espécies do mesmo gênero são comestíveis e fáceis de serem reconhecidas.

Não tem muito gosto, é geralmente apreciado pela sua textura diferente, e acaba absorvendo o tempero de escolha. Muitas vezes crescem com bastante abundância. Também conhecido como Orelha-de-Judas ou Orelha de Judeu, entre outros nomes populares.

Favolus brasiliensis

O bendito Favolus brasiliensis, um funguinho que parece ser bem comum em algumas partes mais quentes do país, por aqui até agora só encontramos uma vez. Tem um himenóforo (parte de baixo) bem característico, em formato de favos.

Estes que encontrei já estavam meio secos, pois o clima estava bem quente, mas coletei para provar e matar a curiosidade. Bem gostoso, pena que por enquanto não encontramos mais.

Irpex rosettiformis

O Irpex rosettiformis é um fungo que cresce em sobre madeira em decomposição, em formato de pequenas “pétalas” que podem formar uma roseta (como na primeira foto) ou crescerem mais espalhados. O seu himenóforo (parte de baixo) tem estruturas que pareces pequenos espinhos.

Encontrei esta espécie poucas vezes e em pouca quantidade, então ainda não provei.

Macrolepiota capelariae

Um cogumelo grandão que parece um guarda-chuvas, o Macrolepiota capelariae tem em média 30 cm de altura, mas já encontrei um gigante de 50 cm! Está presente no interior e nas bordas e mata nativa, e também em bosques de Pinus. Só consegui confirmar a identificação a pouco tempo e ainda não provei esta espécie. Cresce sobre o solo.

Lentinus sp.

Várias espécies do gênero Lentinus são comestíveis e tem características bem similares, como o formato de funil e estes “pelinhos” no chapéu. Eu tenho dificuldade em diferenciar entre o Lentinus crinitus e Lentinus berteroi, porém como ambas são comestíveis não faz tanta diferença, rs.

Estes acima foram identificados lá no iNaturalist como sendo da espécie Lentinus berteroi.

Tem um gosto muito bom mas uma textura bem dura, como um couro, ainda preciso testar outros modos de preparo. Crescem sobre madeira em decomposição.

Oudemansiella platensis

Oudemansiella platensis (assim como outras espécie do mesmo gênero), é um cogumelo comestível que cresce sobre madeira. Geralmente encontramos eles em bem pouca quantidade, difícil fazer uma coleta boa. Mas já coletamos alguns para provar, é gostoso e tem um sabor bem suave.

Tem uma textura um pouco frágil, e é difícil encontrar eles no timing certo, não tão jovens e também não muito velhos e “aguados” – qualquer excesso de umidade deixa eles bem molengas.

Phillipsia domingensis

Phillipsia domingensis, um disquinho de cor bordô, tem geralmente de 2 a 5 cm de diâmetro – porém já encontrei um grandão de 8,5 cm. Crescem sobre madeira, geralmente galhos caídos no chão da mata. Tem uma textura ótima e são bem gostosos, pena que são tão pequeninos.

Mas já teve dias que encontrei vários deles em pontos diferentes da mata, ai deu pra colher uma meia dúzia pelo menos, rs. Acaba sendo mais para petiscar!

Boletinellus rompelii

Boletinellus rompelii, um lindo cogumelo com este himenóforo (parte de baixo do chapéu) bem característico, e o fato de que ficam manchados de azul quando cortados (dá pra ver na foto acima).

Crescem no chão da mata, e há relatos de que geralmente crescem em associação com a árvore Fruta-de-pombo ou chal-chal (Allophylus edulis).

Neste post eu conto sobre o dia que achamos 3 espécimes adultos e conseguimos coletar para provar pela primeira vez!


Estas fotos e informações são um ponto de partida para você conhecer mais sobre os cogumelos comestíveis da Mata Atlântica. Para uma lista mais compreensível de cogumelos comestíveis que ocorrem no Brasil, confira este post.

Não esqueça de sempre confirmar a identificação de um cogumelo antes de consumi-lo. Existem várias espécies tóxicas de cogumelos, portanto não brinque com a sua saúde.

Para quem quiser mais informações, tem um projeto bem interessante no iNaturalist chamado Macrofungos Comestíveis do Brasil que no momento lista 84 espécies de cogumelos e fungos reconhecidos como comestíveis no país. Não são só da Mata Atlântica, mas grande parte das espécies listadas ocorrem nesse bioma também.

E para dicas gerais sobre a caça e coleta de cogumelos, confira este post.

📸 Registros feitos em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.

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