Publicado: nov 7, 2023
Atualizado: ago 29, 2024
Escrito por: Helissa

O cogumelo silvestre Pleurotus albidus é comestível e encontramos bastante por aqui o ano todo.

A primeira vez que topamos com ele já pensei que era do gênero Pleurotus, chegando em casa e comparando com as espécies de Pleurotus que tem no guia do Primavera Fungi pensamos que seria o Pleurotus albidus, mas para ter certeza postei lá no grupo do Face “Cogumelos do Brasil” e o micólogo Denis Zabin confirmou que era ele mesmo.

Vários insetinhos, incluindo joaninhas, adoram esse cogumelo. É comum ver muitos em cima e na volta deles, e também entre as lamelas, o que as vezes torna a limpeza deles bem chatinha, rs.

Como identificar o cogumelo Pleurotus albidus

Encontro com uma abundância de Pleurotus albidus em um tronco caído na mata, e fotos em detalhe do himenóforo com lamelas decorrentes. Registro feito em 01/08/24.

Para conseguir identificar este cogumelo é preciso prestar atenção nas suas características. Quando adultos eles tem cerca de 5 a 6 cm de altura, e 5 a 8 cm de diâmetro. Possui uma cor branca/creme, um chapéu afunilado e côncavo, e um estipe (o “caule” ou pé) bem pronunciado.

O himenóforo (parte de baixo do chapéu) possui lamelas que são decorrentes (seguem da parte de baixo do chapéu até o caule sem clara separação). Crescem sobre madeira em decomposição – aqui é bem comum achar em galhos caídos de araucária.

Gostam de temperaturas mais amenas (nem muito calor ou frio) e bastante umidade. Aqui na Serra Gaúcha encontramos eles em todas as estações, pois essas condições climáticas podem ocorrer o ano todo por aqui.

Essa espécie ocorre desde o México até a Argentina, sendo encontrada no Brasil nos biomas Mata Atlântica e Amazônia.

O Pleurotus albidus tem registro de ser utilizado por povos tradicionais do México, Guatemala e Brasil – é um dos cogumelos consumidos pelos Yanomami, eles os consomem assados em folhas, achei bem interessante. Essas e outras informações achei em um artigo da Mariana Drewinski no site The Global Fungal Red List Initiative (tá em inglês).

Modo de preparo do cogumelo Pleurotus albidus

Graças a todos estes valiosos estudos e especialistas, conseguimos identificar e provar esse cogumelo, que achamos bem gostoso – além de ser super nutritivo e ter propriedades medicinais. Li neste artigo científico que este cogumelo possui um alto teor de proteínas, fibras, vitaminas e uma variedade de minerais; e este artigo menciona seus efeitos antioxidantes e hipoglicemiantes.

Para o preparo primeiro limpamos eles usando uma escova de dentes ou raspando com a faca mesmo para tirar sujeirinhas, insetos, e pedaços de folhas que ficaram grudados neles.

Recomendo coletar eles já da forma mais limpa possível, cortando a parte de baixo do estipe, tirando o grosso da sujeira e não deixando eles caírem no chão da mata para facilitar essa parte, pois quando alguma sujeira/terra entra nas lamelas é bem chatinho de limpar.

Depois é só fazer o preparo clássico, refogar em óleo/azeite/manteiga com um pouco de sal e pimenta do reino por alguns minutos (vai depender do “ponto” que você prefere, é só ir provando e decidindo). Eu sempre uso pouco tempero pois gosto de sentir bem o sabor do cogumelo, mas dá pra colocar o tempero que preferir.

Refogando Pleurotus albidus

Se eles estiverem muito úmidos, uma dica é refogar eles na frigideira ainda sem óleo por uns minutinhos e eliminar o excesso de água, para só depois adicionar o óleo.

Eles tem uma textura bem interessante e que se mantem firme, lembra até um frango desfiado. É similar aos cogumelos Shimeji – pois de fato muitas vezes os cogumelos do gênero Pleurotus são vendidos sob o nome genérico Shimeji aqui no Brasil, sendo esta espécie muitas vezes chamada de Shimeji branco, Shimeji nativo, Shimeji da mata, etc.

Tem um sabor suave mas bem gostoso, a primeira vez que fizemos comemos com arroz e um refogadinho de brócolis, como mostro nas fotos acima. Depois disso já encontramos mais inúmeras vezes e já experimentamos de várias formas, atualmente gosto de desidratar eles e ter sempre um estoque em mãos para ir usando em sopas, risotos, e molho branco para comer com massa.

Desidratando cogumelos Pleurotus albidus no desidratador de alimentos.

E é um privilégio ainda poder fazer isso, encontrar, coletar e comer esse cogumelo selvagem comestível e nativo, pois nesse artigo da Mariana que citei acima ela fala que estima-se que a população dessa espécie diminuirá em pelo menos 12% nas próximas três gerações, devido ao crescimento do desmatamento, causado por inúmeros motivos.

⚠ Se não tem conhecimento sobre, não arrisque experimentar cogumelos desconhecidos só por comparação de fotos online.

📸 Registros feitos em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul – Serra Gaúcha.

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