Publicado: set 3, 2023
Atualizado: out 7, 2024
Escrito por: Helissa

No outono e inverno aqui na Serra Gaúcha os cogumelos da espécie Amanita muscaria estão sempre presentes. Eles são tão lindos e fotogênicos que é impossível não parar para admirar, mesmo já tendo visto muitas vezes, rs.

Conhecido também por agário-das-moscas, mata-moscas, ou cogumelo do Mário em português e como Fly agaric e Fly Amanita em inglês.

Amanita muscaria na Serra Gaúcha

Pesquisando descobri que esses nomes comuns são devido ao fato de que esta espécie possui uma substância chamada Ácido ibotênico que atrai e mata moscas, inclusive achei informações de que tradicionalmente era utilizado como inseticida – para isso seu chapéu era despedaçado ou pulverizado e colocado em uma tigela com leite.

É o cogumelo mais famoso e reconhecido mundialmente; geralmente é o que se vem a mente quando se pensa em cogumelo! Muito usado em representações visuais nas mais variadas formas (o uso no videogame Mario Bros e no desenho Os Smurfs são exemplos), e por muito tempo foi único emoji que representava cogumelos: 🍄

Características do cogumelo Amanita muscaria

Este cogumelo é micorrízico, ou seja, cresce em associação com raízes de certas árvores. Aqui no Brasil, ele geralmente é encontrado em associação com pinheiros (Pinus sp.) e eucaliptos. Por aqui é bem mais comum junto a Pinus mesmo, mas já encontrei alguns em plantações de eucalipto também.

Ele é nativo do hemisfério norte, porém foi introduzido em vários outras partes do mundo onde houve plantações de Pinus e eucaliptos. Por isso é até bem comum encontrar estes cogumelos aqui no Sul do Brasil, que é uma região com muitas destas plantações e tem um clima propício para eles, que precisam de uma temperatura mais fria.

Seu píleo (chapéu) é avermelhado com pequenas escamas brancas (que estão presentes em muitos cogumelos do gênero Amanita por sinal). Porém a cor vermelha pode desbotar bastante com muita chuva ou sol, e as escamas também podem ser “lavadas” após muita chuva.

Seu estipe (“pé” ou “caule”) é branco e bulboso na base, possuindo um grande anel (quase uma “saia”). Seu himenóforo (parte de baixo do chapéu) possui lamelas brancas e livres (não encostam no estipe).

Quando adulto tem cerca de 8 a 20 cm de altura e de diâmetro do chapéu, porém já foram encontrados espécimes ainda maiores. O primeiro Amanita muscaria que vi inclusive era um gigante de 22 cm de diâmetro!

Usos do Amanita muscaria

Além do uso como inseticida mencionado acima, ele é mais famoso por ser considerado um “cogumelo mágico”, pois possui propriedades psicoativas e alucinógenas quando ingerido. Inclusive foi amplamente utilizado como enteógeno (uso tradicional que refere à uma comunhão religiosa sob efeito de substâncias capazes de alterar a consciência) por muitos povos indígenas da Sibéria, entre outros.

Há também muitos relatos sobre usos recreativos e medicinais por parte de vários povos do hemisfério norte, é realmente um cogumelo que vem sido usado há muito tempo para várias finalidades. E é utilizado até hoje para fins recreativos e por pessoas que buscam uma experiência alucinógena aqui no Brasil também.

Porém é preciso saber bem como prepará-lo e quantidade certa a utilizar; por exemplo, a quantidade e a proporção de compostos químicos tóxicos e alucinógenos por cogumelo varia muito de região para região e nas diferentes estações do ano, o que pode gerar muitos casos de intoxicação e sobredose não-intencional.

Alguns povos também usam o Amanita muscaria como fonte de alimento; as toxinas presentes no cogumelo são solúveis em água, então passando por um processo de fervura e, em seguida, descarte da água (sendo este processo repetido várias vezes) é dito que as toxinas são neutralizadas.

Há também casos de intoxicações e morte relativas ao consumo deste cogumelo, o que gera medo em muitas pessoas. Porém com o tratamento médico moderno, o envenenamento fatal tornou-se extremamente raro, inclusive achei informações de que não há relatos de mortes por ingestão de Amanita muscaria a mais de 100 anos.

Os casos de intoxicação atuais geralmente são por crianças, pessoas que o confundem com um cogumelo comestível e não fazem o devido preparo dele, ou quem consome em demasia para fins recreativos.

Enfim, daria para escrever um livro só com todo o histórico e possibilidades de uso desse cogumelo! Porém, não tenho experiência com o uso dele nem sei modos de preparo para recomendar, na internet se acha tanta coisa as vezes contraditória que é difícil saber um modo seguro de fazer o uso para aqueles interessados. Enquanto isso eu prefiro ficar só na admiração estética destes cogumelos tão lindos!

📸 Registros feitos em 10/08/23 e 06/09/23 em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.

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