No outono e inverno aqui na Serra Gaúcha os cogumelos da espécie Amanita muscaria estão sempre presentes. Eles são tão lindos e fotogênicos que é impossível não parar para admirar, mesmo já tendo visto muitas vezes, rs.
Conhecido também por agário-das-moscas, mata-moscas, ou cogumelo do Mário em português e como Fly agaric e Fly Amanita em inglês.
Pesquisando descobri que esses nomes comuns são devido ao fato de que esta espécie possui uma substância chamada Ácido ibotênico que atrai e mata moscas, inclusive achei informações de que tradicionalmente era utilizado como inseticida – para isso seu chapéu era despedaçado ou pulverizado e colocado em uma tigela com leite.
É o cogumelo mais famoso e reconhecido mundialmente; geralmente é o que se vem a mente quando se pensa em cogumelo! Muito usado em representações visuais nas mais variadas formas (o uso no videogame Mario Bros e no desenho Os Smurfs são exemplos), e por muito tempo foi único emoji que representava cogumelos: 🍄
Características do cogumelo Amanita muscaria
Este cogumelo é micorrízico, ou seja, cresce em associação com raízes de certas árvores. Aqui no Brasil, ele geralmente é encontrado em associação com pinheiros (Pinus sp.) e eucaliptos. Por aqui é bem mais comum junto a Pinus mesmo, mas já encontrei alguns em plantações de eucalipto também.
Ele é nativo do hemisfério norte, porém foi introduzido em vários outras partes do mundo onde houve plantações de Pinus e eucaliptos. Por isso é até bem comum encontrar estes cogumelos aqui no Sul do Brasil, que é uma região com muitas destas plantações e tem um clima propício para eles, que precisam de uma temperatura mais fria.
Seu píleo (chapéu) é avermelhado com pequenas escamas brancas (que estão presentes em muitos cogumelos do gênero Amanita por sinal). Porém a cor vermelha pode desbotar bastante com muita chuva ou sol, e as escamas também podem ser “lavadas” após muita chuva.
Seu estipe (“pé” ou “caule”) é branco e bulboso na base, possuindo um grande anel (quase uma “saia”). Seu himenóforo (parte de baixo do chapéu) possui lamelas brancas e livres (não encostam no estipe).
Quando adulto tem cerca de 8 a 20 cm de altura e de diâmetro do chapéu, porém já foram encontrados espécimes ainda maiores. O primeiro Amanita muscaria que vi inclusive era um gigante de 22 cm de diâmetro!
Usos do Amanita muscaria
Além do uso como inseticida mencionado acima, ele é mais famoso por ser considerado um “cogumelo mágico”, pois possui propriedades psicoativas e alucinógenas quando ingerido. Inclusive foi amplamente utilizado como enteógeno (uso tradicional que refere à uma comunhão religiosa sob efeito de substâncias capazes de alterar a consciência) por muitos povos indígenas da Sibéria, entre outros.
Há também muitos relatos sobre usos recreativos e medicinais por parte de vários povos do hemisfério norte, é realmente um cogumelo que vem sido usado há muito tempo para várias finalidades. E é utilizado até hoje para fins recreativos e por pessoas que buscam uma experiência alucinógena aqui no Brasil também.
Porém é preciso saber bem como prepará-lo e quantidade certa a utilizar; por exemplo, a quantidade e a proporção de compostos químicos tóxicos e alucinógenos por cogumelo varia muito de região para região e nas diferentes estações do ano, o que pode gerar muitos casos de intoxicação e sobredose não-intencional.
Alguns povos também usam o Amanita muscaria como fonte de alimento; as toxinas presentes no cogumelo são solúveis em água, então passando por um processo de fervura e, em seguida, descarte da água (sendo este processo repetido várias vezes) é dito que as toxinas são neutralizadas.
Há também casos de intoxicações e morte relativas ao consumo deste cogumelo, o que gera medo em muitas pessoas. Porém com o tratamento médico moderno, o envenenamento fatal tornou-se extremamente raro, inclusive achei informações de que não há relatos de mortes por ingestão de Amanita muscaria a mais de 100 anos.
Os casos de intoxicação atuais geralmente são por crianças, pessoas que o confundem com um cogumelo comestível e não fazem o devido preparo dele, ou quem consome em demasia para fins recreativos.
Enfim, daria para escrever um livro só com todo o histórico e possibilidades de uso desse cogumelo! Porém, não tenho experiência com o uso dele nem sei modos de preparo para recomendar, na internet se acha tanta coisa as vezes contraditória que é difícil saber um modo seguro de fazer o uso para aqueles interessados. Enquanto isso eu prefiro ficar só na admiração estética destes cogumelos tão lindos!
📸 Registros feitos em 10/08/23 e 06/09/23 em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.