Suillus granulatus, o primeiro cogumelo selvagem comestível que encontramos aqui em São Chico, em pleno verão (27/02/23)! Normalmente é dito que eles são encontrados no outono e inverno, por isso foi uma grande surpresa encontrar eles em fevereiro. Porém, mais ou menos uma semana antes teve uma frente fria em que fez uns 7ºC a noite por 2 dias, acho que eles pensaram que o outono tinha chegado e começaram a “brotar”, rs.
Encontramos e colhemos uma quantidade enorme, acho que deu uns 3kg – sem contar o monte que deixamos por estarem velhos ou jovens demais, e para poderem dispersar seus esporos. Depois disso, nos meses seguintes foram poucos espécimes que fomos encontrando e nunca com muita abundância.
Na temporada de 2024 encontramos bem poucos no outono, e só no nosso terreno e não em outras áreas que visitamos com frequência e geralmente encontramos outros cogumelos comestíveis como Suillus salmonicolor, Lactarius quieticolor e Boletus edulis (Porcini). Acho que foi bastante sorte encontrar aquela quantidade e ainda no verão, rs.
Características do cogumelo Suillus granulatus
Conhecido também como suíno granulado, cogumelo chileno ou weeping bolete e granulated bolete em inglês, essa espécie tem um píleo (chapéu) coberto por uma fina película de cor amarela ou castanha ligeiramente brilhante, que fica meio viscosa com a umidade.
Seu himenóforo (parte de baixo do chapéu) é amarelo claro com poros, com uma consistência esponjosa. É similar aos do Porcini (Boletus edulis), de fato os dois são “parentes” da mesma família Boletaceae.
O estipe (o “pé” ou “caule”) é de cor branca ou creme, e não possui anel. Seu tamanho quando adulto varia bastante de cerca de 4 cm a até 12 cm de diâmetro, e sua altura chega a cerca de 5 a 10 cm, contando com o chapéu.
Crescem em micorriza com Pinus, ou seja, só são encontrados embaixo e na volta de pinheiros do gênero Pinus, e em geral sua época de crescimento é no outono e inverno.
Modo de preparo do Suillus granulatus fresco
O primeiro passo é sempre limpar o cogumelo “a seco”, ou seja, só retirando a sujeira com a ajuda de uma escovinha ou raspando com uma faca, e cortando as partes muito machucadas.
Depois é recomendado retirar essa película que tem em cima do chapéu antes de comer, ela pode causar leve intoxicação em algumas pessoas. Nós também tiramos o himênio (a parte esponjosa embaixo do chapéu) pois não gostamos da textura – e há alguns relatos de que essa parte do cogumelo também pode causar reações adversas em pessoas sensíveis.
Uma característica desse processo é que ao remover a película do chapéu que é pegajosa, a cor amarelada mancha as mãos e as deixa meio melecadas. Nada que não saia depois lavando bem com sabonete mas se quiser evitar isso é só usar luvas.
Após, é só cortar em tirinhas ou como você preferir, e refogar com um pouco de óleo, azeite ou manteiga e seus temperos de escolha, em fogo baixo. Nós geralmente usamos só um pouco de sal, pimenta do reino e noz moscada. Em cerca de uns 5 minutinhos já está pronto, mas você pode ir testando qual “ponto” prefere.
Esse cogumelo não tem um gosto muito pronunciado, e preferimos refogar ele bem rapidinho pois quanto mais tempo no fogo ele vai perdendo a consistência e ficando mais “gosmento”. Os últimos Suillus que encontrei preferi desidratar, assim eles ficam com o gosto mais concentrado e bom de colocar em sopas, molhos e risotos. Enfim, esse é um modo de preparo básico e a partir dele dá para ir adaptando e inventando várias receitas!
⚠ Nunca coma um cogumelo selvagem sem ter certeza/confirmação de sua identificação.
📸 Registros feitos em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.